Nada
como alguns dias entre idas e vindas no hospital para enxergar a vida
de outro jeito. Frase lugar-comum, mas tão verdadeira! Eu não
estava na condição de paciente, mas de familiar! Meu pai agora já
está em casa, após um período de internação. Fico imaginando
como é bom voltar para casa! Que bom pai, o senhor poder dormir na
sua cama, esticar-se no seu sofá, diante de sua tela de tevê
gigante e com inúmeros canais de esporte... Obrigada, Papai do Ceú!
Mas
tô com o hospital entalado na garganta e preciso escrever para
lembrar ou para esquecer, sei lá! No espaço hospitalar as pessoas
não tem nomes, só os pacientes são nomeados! Conversei com um
bocado de gente, de poucas soube o nome, porém ouvi histórias,
contei outras, distribui sorriso e esperança, tentei ser boa. Na UTI
são sempre os mesmos visitantes e a gente vibra ao saber que algum
familiar vai para o quarto e sofre junto com aqueles que permanecem ali. Na UTI conheci o velho carrancudo, que deve
culpar Deus e o mundo pela enfermidade da mulher, ele nem sequer
cumprimenta no corredor, olha pra dentro preocupado em engolir sua
dor. Deve sofrer tanto que nem se dá o trabalho de perceber a dor
dos outros. Pobre homem! Conheci também a família do Bruno de 19
anos e que seguia na UTI. Espero que logo o Bruno vá para o quarto, melhore,
volte pra casa e ganhe o mundo! A família do Bruno é de pessoas
humildes, do interior, se não estou enganada, de Bagé. Todos os
dias lá estavam: avós, mãe e pai. As avós do Bruno sempre
sorrindo, sentadas no sofá da recepção do Hospital Santa Rita,
sempre respondem no mesmo tom sobre a saúde do neto: tá melhorando,
vai ficar bem! Uma esperança no olhar capaz de comover ao mais duro
dos viventes. Pena o velho carrancudo nunca ter visto, apesar de
muitas vezes ter ficado ao lado delas na porta de entrada da UTI. Que
sorte a minha ter visto e ter conversado com as avós. Porque avós
sempre me emocionam, tem uma energia diferente, um amor que
transborda, avó é obra de Deus!
Desbravei
o hospital labiríntico com a minha mãe, nunca tinha percebido o
quanto é grande a Santa Casa: tem centro
cultural, bistrô, capelas, restaurantes, lancherias, banca de livros
e revistas, bancos! E tem Banco de sangue, é claro! Ao postar no face
pedido de doação de sangue pro meu pai, veio ajuda de quem sempre
se espera e de quem nunca esperei. Gente que poderia e nada fez. De
surpresas e de decepções é feita a vida também! Prefiro guardar
as surpresas e tentar esquecer decepções...
Corri
muito atrás de enfermeiro no quarto andar, poucos funcionários para
um corredor gigante. Os enfermeiros passam se desculpando, por uma
culpa que não lhes deveria pertencer. Enfrentei médicos que falam
medicianês, nunca pesquisei tanto no google e descobri que falam
assim para que ninguém entenda mesmo! Médicos experientes, às
vezes, sabem ser grosseiros e confesso: não meti um tapa na cara de
um, porque ainda tenho um certo
controle emocional. Por sorte ainda tem médico alto astral e
querido, até mesmo entre os experientes, são mais escassos, é
verdade... Os residentes, assim como as avós, também são obra
divina, espero que não mudem com a experiência, tomara que os anos
não tirem o afeto da voz dos doutores em formação!
E
no início de 2016 o que posso desejar a todos e, principalmente, ao meu
pai é saúde, esperança e fé!

Amada mestra,meu grupo de canto vai ao HC todos os anos na época de Natal e compartilho contigo (se me permite),sobre o quesito dor...vixi nós cantamos para fazer como as avós que vc encontrou,pois realmente é bem complicado.Paz e bem e saúde aos seus.Beijos.Marisa
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ExcluirParabéns, Marisa, pelo trabalho no coral!!!! Admiro muito estes grupos que visitam hospitais, com certeza trazem muito alegria com seu canto e seu sorriso!!!! Bom ano, muita saúde pra ti e pra tua família! Bjs
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