terça-feira, 5 de janeiro de 2016

SAÚDE

     
   
     

     Nada como alguns dias entre idas e vindas no hospital para enxergar a vida de outro jeito. Frase lugar-comum, mas tão verdadeira! Eu não estava na condição de paciente, mas de familiar! Meu pai agora já está em casa, após um período de internação. Fico imaginando como é bom voltar para casa! Que bom pai, o senhor poder dormir na sua cama, esticar-se no seu sofá, diante de sua tela de tevê gigante e com inúmeros canais de esporte... Obrigada, Papai do Ceú!
     Mas tô com o hospital entalado na garganta e preciso escrever para lembrar ou para esquecer, sei lá! No espaço hospitalar as pessoas não tem nomes, só os pacientes são nomeados! Conversei com um bocado de gente, de poucas soube o nome, porém ouvi histórias, contei outras, distribui sorriso e esperança, tentei ser boa. Na UTI são sempre os mesmos visitantes e a gente vibra ao saber que algum familiar vai para o quarto e sofre junto com aqueles que permanecem ali. Na UTI conheci o velho carrancudo, que deve culpar Deus e o mundo pela enfermidade da mulher, ele nem sequer cumprimenta no corredor, olha pra dentro preocupado em engolir sua dor. Deve sofrer tanto que nem se dá o trabalho de perceber a dor dos outros. Pobre homem! Conheci também a família do Bruno de 19 anos e que seguia na UTI. Espero que logo o Bruno vá para o quarto, melhore, volte pra casa e ganhe o mundo! A família do Bruno é de pessoas humildes, do interior, se não estou enganada, de Bagé. Todos os dias lá estavam: avós, mãe e pai. As avós do Bruno sempre sorrindo, sentadas no sofá da recepção do Hospital Santa Rita, sempre respondem no mesmo tom sobre a saúde do neto: tá melhorando, vai ficar bem! Uma esperança no olhar capaz de comover ao mais duro dos viventes. Pena o velho carrancudo nunca ter visto, apesar de muitas vezes ter ficado ao lado delas na porta de entrada da UTI. Que sorte a minha ter visto e ter conversado com as avós. Porque avós sempre me emocionam, tem uma energia diferente, um amor que transborda, avó é obra de Deus!
     Desbravei o hospital labiríntico com a minha mãe, nunca tinha percebido o quanto é grande a Santa Casa: tem centro cultural, bistrô, capelas, restaurantes, lancherias, banca de livros e revistas, bancos! E tem Banco de sangue, é claro! Ao postar no face pedido de doação de sangue pro meu pai, veio ajuda de quem sempre se espera e de quem nunca esperei. Gente que poderia e nada fez. De surpresas e de decepções é feita a vida também! Prefiro guardar as surpresas e tentar esquecer decepções...
     Corri muito atrás de enfermeiro no quarto andar, poucos funcionários para um corredor gigante. Os enfermeiros passam se desculpando, por uma culpa que não lhes deveria pertencer. Enfrentei médicos que falam medicianês, nunca pesquisei tanto no google e descobri que falam assim para que ninguém entenda mesmo! Médicos experientes, às vezes, sabem ser grosseiros e confesso: não meti um tapa na cara de um, porque ainda tenho um certo controle emocional. Por sorte ainda tem médico alto astral e querido, até mesmo entre os experientes, são mais escassos, é verdade... Os residentes, assim como as avós, também são obra divina, espero que não mudem com a experiência, tomara que os anos não tirem o afeto da voz dos doutores em formação!
     E no início de 2016 o que posso desejar a todos e, principalmente, ao meu pai é saúde, esperança e fé! 

3 comentários:

  1. Amada mestra,meu grupo de canto vai ao HC todos os anos na época de Natal e compartilho contigo (se me permite),sobre o quesito dor...vixi nós cantamos para fazer como as avós que vc encontrou,pois realmente é bem complicado.Paz e bem e saúde aos seus.Beijos.Marisa

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Parabéns, Marisa, pelo trabalho no coral!!!! Admiro muito estes grupos que visitam hospitais, com certeza trazem muito alegria com seu canto e seu sorriso!!!! Bom ano, muita saúde pra ti e pra tua família! Bjs

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