domingo, 10 de janeiro de 2016

OS FILHOS DA BABÁ

     Li com tristeza a matéria Cuidado terceirizado na Zero Hora, quinta-feira, 7/1, p. 24-25. Tristeza esta que move este texto.
     Pertenço a uma geração de mulheres trabalhadoras e bem-sucedidas, do que muito me orgulho! O que não entendo e me entristece é o sentir-se obrigada a ser mãe. Admiro minhas amigas que decidiram pelo ser mãe de forma consciente e responsável e também admiro aquelas que optaram por não serem mães, por não sentirem este desejo. Nas redes sociais tenho lido muito a respeito do não sou obrigada. Acho perfeito: ninguém é obrigada! Mas por que as mulheres sentem-se obrigadas a serem mães? Não vejo outra justificativa para a terceirização dos filhos! Pressão social, familiar, status? Querem enfiar lacinhos nas meninas e shortinhos coloridos nos meninos e levá-los para passear nos parques ensolarados para postar foto no facebook como família feliz? Que palhaçada, mulherada! No entanto, não querem a cólica, a dor de dente, o dia a dia do educar? Filho é uma escolha e no momento que optarem pela maternidade, o façam com a mesma competência que buscam como profissionais em seus ambientes de trabalho. De que serve ter uma mãe mega-empresária, podre de rica que nem sabe qual o brinquedo favorito do filho? Mãe tem que ser presente! E não me venha com esta de qualidade! É impossível ter qualidade se não são capazes de levarem o filho ao pediatra! Mães de fachada, mães de mentirinha! Que vergonha dessas mulheres! Querem encher os filhos de grana, querem que estudem nas melhores escolas, mas cadê o afeto? Me assusta pensar que teremos um futuro de adultos mal amados, cheios de dinheiro e vazios de afeto, ocos de amor de mãe! Pobre gente!
     Não vejo mal algum em contar com a ajuda de avós e de babás, é importante e necessário. O que não pode haver é a substituição da mãe, como bem disse o pediatra José Martins Filho em entrevista a Zero Hora. As babás ganharam o espaço de mãe, conhecem mais as crianças que os próprios pais, assumiram a educação total! Da baixa frequência de pais em reuniões escolares eu já sabia, já presenciei como professora e como mãe, no entanto a do consultório médico para mim foi uma revelação assustadora.
     Mulheres, se o desejo de ser mãe não as atingir, façam um bem a humanidade e não tenham filhos, não engravidem para agradar familiares e amigos e fazer lindos books de barrigão, pensem em vocês mesmas! Sejam conscientes e responsáveis, maduras o suficiente para refletir se querem doar um tempo precioso de suas vidas ao seu filho. Não se iludam: filhos dão trabalho e em qualquer idade! Se não estão dispostas à renúncia alguma não se tornem mães fajutas, sejam verdadeiras e leais consigo mesmas. Mãe é vocação, não obrigação! 

Publicado no jornal Zero Hora, 9 de janeiro de 2016.

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