Estive
em Rio Grande na infância, na companhia de meus pais e irmãos.
Fazia muito tempo, quando retornei, nem me lembrava mais... Voltei à
cidade para prestar concurso para a FURG e confesso não ter gostado
do lugar. Fiquei hospedada no centro, onde tudo me pareceu triste,
antigo e sujo. Questionei se queria mesmo viver aqui, até conhecer
o Cassino, no último dia do concurso. Foi quando decidi: quero morar
neste lugar! As árvores da Avenida Rio Grande e o mar me encantaram.
No
primeiro ano de vida no Cassino (agora já são cinco), caminhava
todos os dias para saudar o mar. Depois fui me acostumando à
presença da imensidão azul e agora não a contemplo todos os dias,
mas a certeza de sua proximidade me faz bem, me consola. E sei:
posso olhar o mar, ele está logo ali. E sei também o quanto olhar o
mar me tranquiliza, me faz sentir em paz. As ondas carregam lamentos,
angústias. Parece que aquele movimento das ondas pode curar qualquer
dor. Diante do mar, grandioso e onipotente, sinto minha pequenez, me
energizo, me fortaleço. Com o tempo descobri: contemplar o mar é
minha forma de oração.
O Cassino é um lugar de encanto, de
magia: da calmaria do inverno à agitação do verão, tudo me
agrada, tudo tem sua beleza. Claro, continuo a reclamar da umidade,
do mofo, do vento, no entanto tudo é pequeno, diante da beleza
grandiosa do mar e das árvores da avenida Rio Grande. Os
cassineiros, de modo geral, gostam mesmo é do final do verão,
quando os turistas invasores do espaço, egoisticamente considerado
como todo nosso, voltam para as suas cidades de origem. E os
moradores do Cassino respiram aliviados. E eu, faço parte do grupo
de exceção, que aprecia tanto a presença dos turistas, como também
a sua partida.
Postei no facebook uma foto do mar
acompanhada da frase: “O que acalma não é água com açúcar, é
água salgada”, e uma amiga sugeriu a escrita deste texto: espero
que os rio-grandinos, leitores deste espaço e os que, como eu,
adotaram esta cidade, se identifiquem com esta declaração de amor
ao mar e ao Cassino.

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