Atuo na formação docente há quase
vinte anos e cada vez se torna mais difícil sensibilizar o futuro
professor de que a situação profissional vai melhorar, tenho dito e
repetido isto e devo admitir que minha utopia, meu otimismo tomaram
conta de mim, percebo minha ingenuidade e perco as forças. Devo
considerar que iludi, meus estimados aprendizes de professores,
peço-lhes desculpas. Sempre disse que vale a pena ser professor, que
a realidade iria mudar, em salas de aula, em mesas redondas, em
palestras. Sim, sempre acreditei, não estava falseando, enganando,
ludibriando ninguém, talvez a mim mesma.
Os anos têm se passado e nada muda,
a realidade do professor só tem piorado em nosso país, os problemas
se agravam, o salário permanece baixo, aliás está quase vez mais
defasado... A presidente anuncia que em seu novo mandato a educação
será a prioridade, a partir de então viveremos na pátria
educadora. Eu, novamente iludida e ingênua, acredito! Como pode em
uma pátria educadora o professor ser tratado de forma tão violenta?
Escrevo este texto, com uma enorme
tristeza e um pedido de desculpas pela ilusão transmitida a tantos
futuros docentes neste meu tempo de professora em curso de
licenciatura. O pior é que finalizo ainda otimista, ainda ingênua,
ainda iludida, deve ser este sangue brasileiro que me corre nas veias
e não me deixa desistir. Sim, reconheço: sou Maria, aquela mesma
descrita na canção do Milton Nascimento.

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