quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Utopia

        Nos últimos dias de 2021, tento ser otimista para o 2022, desejando que as crianças brasileiras sejam vacinadas. Mas sem olhar apenas para o meu próprio umbigo: quero vacinas para o povo africano!

            Na segunda-feira, enquanto aguardava a terceira dose Pfizer, (segundo o colega de fila, devemos festejar a espera, sinal que muitos estão se vacinando. É verdade, nada de reclamar da uma hora e meia!), troquei duas mensagens que me alegraram e fiquei planejando este texto. Cutuquei colega escritora, que anda se dedicando a outra arte, para seguir também no caminho literário; penso que considerou ou pelo menos vai pensar a respeito. A segunda mensagem foi de uma amiga, que após romper um relacionamento abusivo, se reergueu e começa uma nova relação.

Então, meus desejos para 2022 também são de que o Papai do Céu nos dê sabedoria para perceber nossos talentos e para enxergar oportunidades; força, para quem dela precisar, para dar pontapés em relações infelizes e coragem para seguir a vida de cabeça erguida e coração aberto para novos amores. Que o ano seja de muitas oportunidades!

E, em termos de Brasil, uma grande oportunidade se dará por meio das eleições. Viva! Contagem regressiva para um Brasil melhor de novo. E que a gente enxergue e se indigne com a falta de: alimentação, moradia, saúde, educação, meio ambiente, segurança, direitos humanos. Que muitos possam sair da bolha branca e heterossexual! Menos egoísmo e mais empatia é o meu maior desejo de verdade!

E, claro, seria muito bom também que a sociedade respeitasse e valorizasse cada vez mais a ciência e a arte! Mas aí já é sonho mesmo! Então é isso: sigamos trilhando na utopia! E como escreveu o sábio Eduardo Galeano: “La utopía está en el horizonte. Camino dos pasos, ella se aleja dos pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. ¿Entonces para qué sirve la utopía? Para eso, sirve para caminar.”

Utopia e boa caminhada em 2022!

Saúde! 

Tim-tim!


quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Sobre reboladas, braçadas e autógrafos






Setembro de 2021 marcou minha vida de recomeços, voltei à Zumba, à Natação e publiquei um livro. Para muitos pode parecer tão simplório, mas para mim foi muito. Desde março de 2020 sem dançar na academia e nadar, o retorno merece ficar para sempre na lembrança. Tudo a seu tempo e de forma responsável, após esperar 15 dias da segunda dose da vacina, munida de álcool gel, máscara e muita energia guardada, voltei à academia. Dancei em casa em 2020 e parte de 2021, no entanto ver somente o professor na tela, apesar de muito animado e querido, não é capaz de transmitir a mesma energia da sala. Nadar sem piscina não há como, né? Caminhei muito para compensar. E a literatura? Escrevi, de 20 de abril a 6 de novembro de 2020, 201 minicontos (para brincar com o título do livro anterior Duzentos), todos os dias, sem pular nenhum dia, todos escritos na data. Não planejava publicar, escrevia para postar no Twitter, Facebook, Instagram e blog. O incentivo dos amigos me fez entender que o meu registro diário da pandemia merecia livro físico. Paralelo à escrita minimalista, escrevi um romance, mas este é assunto para outro texto.

 Voltemos à zumba, reconheço que sou muito descoordenada. Para mim dançar é um desafio, por sorte o professor e os colegas são ótimos, vou imitando aqui e ali e, a cada passo certo, eu vibro contida. Na Zumba transpiro, troco energia boa, me vejo como uma lagartixa branca no espelho e me divirto. E como o querido professor Lucas me disse: o mais importante não é o que a zumba faz com o corpo, mas o que faz ela com a mente! No ano passado, queria ter terminado o ano com o passinho de samba aprendido e o romance concluído. Precisei reconsiderar os dois. A versão final do romance foi feita em fevereiro e o passinho de samba só agora em dezembro. A propósito: aceito convites para roda de samba, mas não esperem muito, viu? Só o basiquinho e com muito esforço.

E falando em esforço, não pareço realizar nenhum ao nadar, porque aprendi criança e me parece fácil. Não sou atleta ou nado todas as modalidades. Nado devagar, as modalidades que aprendi e na água relaxo e crio histórias, repenso a vida, viajo mesmo. Quando retornei em setembro, encontrei a piscina vazia, aspirei o cloro (cheiro que amo desde que o descobri), entrei na água e dei as primeiras braçadas em gratidão. Pensei que faltavam alguns dias para publicar meu terceiro livro solo, acabava de publicar Ventania com meu grupo de escrita como resultado de prêmio literário, meu romance estava finalizado. Gratidão é a palavra. Ano difícil, mas eu estava conseguindo voltar a conviver socialmente. E Minis de Quarentena teria lançamento presencial ao ar livre com o selo da Editora Libertinagem, com a capa colorida da Denise Gonçalves, estampando a minha esperança em dias melhores. E o Vai passar! foi o que mais repeti nos autógrafos!

 Voltando para a academia, merece explicação o porquê da piscina estar vazia no meu retorno: faço nado livre num horário maluco, perto do meio-dia, após a aula de zumba, e tenho a honra de muitas vezes nadar sozinha. Me sinto rica, escolho a raia do meio e naquele instante sou a dona do mundo. Na infância, quando aprendi a nadar, me imaginava adulta, chegando do trabalho com a pasta de executiva, o cabelo preso, trocando o tailleur azul claro pelo maiô preto de natação, colocando toca, óculos e pulando na minha piscina olímpica aquecida. O estranho é que nos meus sonhos infantis, nunca aparecia a minha casa, nem marido, nem filhos, nem cães ou gatos, somente eu e a minha piscina. Criança vive num universo mágico, não tinha a mínima conexão com o mundo real. Nem consigo me imaginar hoje de tailleur azul claro, cabelo preso e numa piscina olímpica aquecida residencial e sozinha, sem marido, filha, cão e/ou gato. Meu eu criança me faz rir!

E reencontro a menina que me habita quando, desde que voltei a nadar em setembro, decidi não mais contar quantas piscinas faço, controlo o tempo no relógio. Será que posso ficar mais hoje?  Me faço a mesma pergunta que fazia para minha mãe, quando os dedos murchavam no banho de mar, e ela me esperava, com a toalha aberta na beira, gritando: Chega por hoje, Joselma! 


 

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Telefone sem fio

 

    


        

        No domingo recebi no whats uma imagem que me fez voltar a uma pequena sala de aula, a um pátio frequentado por oito anos, na companhia de alguns nunca mais vistos, outros de quem sequer recordava nome, algumas a quem acompanho pelas redes e a que me enviou a foto, sem dúvida, dos meus reencontros mais felizes dos últimos anos. 

        Julguei saber o nome de todas as meninas, até ser informada o ano da foto escrito no verso. Sim, eu havia nomeado uma que ainda não estudava na escola naquela data. Aff! E hoje passei um tempo na função de enviar whats para uma e para outra colega para descobrir todos os nomes. Eu, criativa, já estava nomeando colegas imaginárias, quando resolvi consultar a Medalha de Ouro e comprovei que segue com a melhor memória! Sabia o nome de todos. (Naquele tempo o colégio entregava medalhas aos alunos com melhor média, no final do ano, estratégia competitiva para a luta pelos mais MBs)   

E na data de hoje, 2021, o vai e vem de mensagens no Whats me fez lembrar dos bilhetinhos na sala de aula lá no final dos anos 70, início dos 80 e eram muitos todos os dias, inúmeros papeizinhos com o Passar para Patrícia, Para Clarissa, Para Joselma. Sem falar no Jogo do Amor, que era um clássico e aquele inventado por nós, o Jogo do sexo, que se as freiras tivessem lido, estávamos todas expulsas do colégio, só pela imaginação fértil das gurias que nem tinham beijado na boca ainda.

Me chamou a atenção que eu não lembrava o nome dos meninos. Eu brincava mesmo era com as meninas, eram as minhas parcerias. Depois na sétima série, com certeza, saberia o nome de todos os guris. Era o tempo do inventado jogo... Quando as gurias medalhas de prata e de ouro escreveram Francis, lembrei: Sim, ele era o mais bonito! Enfim estamos procurando colegas perdidos, mas não lembramos sobrenomes. Eu recordo apenas da Giovana Antunes que pode ter casado e adotado sobrenome do marido só para dificultar a nossa pesquisa. Mas se alguém souber o paradeiro dos nossos colegas do Santa Teresa de Jesus, primeira série de 1976, Carmen, Rosa, Giovana Antunes, Júlio, João, Carlos, Jeferson e Francis, por favor, avisem que gostaríamos muito de brincar de pegar no pátio do colégio, porque de esconder a vida já deu o seu jeito!