Li com tristeza a matéria Cuidado
terceirizado na Zero Hora,
quinta-feira, 7/1, p. 24-25. Tristeza esta que move este texto.
Pertenço a uma geração de mulheres
trabalhadoras e bem-sucedidas, do que muito me orgulho! O que não
entendo e me entristece é o sentir-se obrigada a ser mãe. Admiro
minhas amigas que decidiram pelo ser mãe de forma consciente e
responsável e também admiro aquelas que optaram por não serem
mães, por não sentirem este desejo. Nas redes sociais tenho lido
muito a respeito do não sou
obrigada. Acho
perfeito: ninguém é obrigada! Mas por que as mulheres sentem-se
obrigadas a serem mães? Não vejo outra justificativa para a
terceirização dos filhos! Pressão social, familiar, status? Querem
enfiar lacinhos nas meninas e shortinhos coloridos nos meninos e
levá-los para passear nos parques ensolarados para postar foto no
facebook como família feliz? Que palhaçada, mulherada! No entanto,
não querem a cólica, a dor de dente, o dia a dia do educar? Filho
é uma escolha e no momento que optarem pela maternidade, o façam
com a mesma competência que buscam como profissionais em seus
ambientes de trabalho. De que serve ter uma mãe mega-empresária,
podre de rica que nem sabe qual o brinquedo favorito do filho? Mãe
tem que ser presente! E não me venha com esta de qualidade! É
impossível ter qualidade se não são capazes de levarem o filho ao
pediatra! Mães de fachada, mães de mentirinha! Que vergonha dessas
mulheres! Querem encher os filhos de grana, querem que estudem nas
melhores escolas, mas cadê o afeto? Me assusta pensar que teremos um
futuro de adultos mal amados, cheios de dinheiro e vazios de afeto,
ocos de amor de mãe! Pobre gente!
Não vejo mal algum em contar com a
ajuda de avós e de babás, é importante e necessário. O que não
pode haver é a substituição da mãe, como bem disse o pediatra
José Martins Filho em entrevista a Zero Hora. As babás ganharam o
espaço de mãe, conhecem mais as crianças que os próprios pais,
assumiram a educação total! Da baixa frequência de pais em
reuniões escolares eu já sabia, já presenciei como professora e
como mãe, no entanto a do consultório médico para mim foi uma
revelação assustadora.
Mulheres, se o desejo de ser mãe não
as atingir, façam um bem a humanidade e não tenham filhos, não
engravidem para agradar familiares e amigos e fazer lindos books de
barrigão, pensem em vocês mesmas! Sejam conscientes e responsáveis,
maduras o suficiente para refletir se querem doar um tempo precioso
de suas vidas ao seu filho. Não se iludam: filhos dão trabalho e em
qualquer idade! Se não estão dispostas à renúncia alguma não se
tornem mães fajutas, sejam verdadeiras e leais consigo mesmas. Mãe
é vocação, não obrigação!
Publicado no jornal Zero Hora, 9 de janeiro de 2016.
