A
cena intrigante da proximidade do menino às jaulas do leão e do tigre provocou
à escrita deste texto, no qual reflito em busca de entendimento sobre a atitude
do menino e a falta de atitude do pai.
Filhos
buscam a proteção dos pais, em qualquer idade, mas principalmente na infância
em que a vida ainda está tão distante de ser traçada e precisamos de um modelo
para aprender a riscá-la. Muitas vezes as crianças perturbam, irritam,
desrespeitam em busca de atenção, carinho. Meninos desejam o tal limite de seus
pais!
Em
outros tempos bastava o olhar duro dos adultos responsáveis para que as
crianças se afastassem do perigo imediatamente! Concordo que alguns pais exageravam
na dose da educação proibitiva e o que havia na relação familiar, às vezes, era
uma espécie de medo, ultrapassava o respeito.
Acertar
na dose ao educar é complexo, embora na teoria pareça simples: basta a exata mistura
de proteção e liberdade. Diante da tragédia da amputação do braço do filho, o
pai confessou ter tido dificuldade de cuidar dos dois filhos no zoológico. Ou
seja, centrou-se no menino de dois anos e esqueceu-se do de onze. O próprio pai
reconheceu as atenções voltadas apenas ao filho caçula. O primogênito buscava
atenção, certamente sabia do perigo na proximidade com os animais selvagens,
mas desejava o puxão de orelha, a puxada de braço, queria ser protegido pelo
pai. A ausência de cuidado ficará marcada na ausência do braço do guri.
Se
filhos são mesmo os tesouros dos pais, assim devem ser tratados. Penso na minha
amiga Cléo, mãe de oito meninos (hoje todos adultos e bem criados), nunca lhe
perguntei, mas certamente foram todos juntos ao Jardim Zoológico e ninguém se
aproximou de jaula alguma. Crianças educadas em outra época, na qual o olhar da
mãe bastava, aquele olhar de carinho e proteção, mas também de quem sabe
repreender filho desobediente.
Indignada
também fiquei com as pessoas que filmaram, assistiram à proximidade do menino
das jaulas, sim, elas advertiram, avisaram do perigo, não obstante faltou-lhes
iniciativa para agarrar o guri pelo braço e conduzi-lo até a mão do pai, da
qual jamais deveria ter largado. Esta nossa sociedade do cada um na sua, mostrou-se igualmente responsável pela perda do
braço do menino, afinal faltou-lhes a atitude esperada por gente ética, correta
e do bem.

Nenhum comentário:
Postar um comentário