A polêmica
advinda da pesquisa realizada no Brasil pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e que
apontou a roupa feminina como provocadora do estupro segundo 65% dos
entrevistados, motivou este texto.
Diante
da pergunta “Mulheres que usam roupas que
mostram o corpo merecem ser atacadas?” 65% dos entrevistados concordaram,
total ou parcialmente. E sobre: “Se as mulheres soubessem se comportar
haveria menos estupros?”, 58,5%, também concordaram total
ou parcialmente.
Absurdo,
barbaridade, vergonha? Tenho dúvidas sobre como qualificar o resultado da
pesquisa sobre o motivo que leva à violência sexual contra mulher: a roupa
curta, ousada, sensual. A causa do estupro é a insanidade do sujeito! O estupro
revela um ser doentio, que não sabe lidar com o próprio desejo, é um tipo
descontrolado, incontido, agressivo.
O
grande problema feminino é o terrível gesto de aprender a engolir a dor e o
fato de muitas mulheres não denunciarem a violência sofrida. Nada há de culpa
por parte da mulher que sofre à violência, há o medo de realizar a denúncia e a capacidade
de silenciar a dor. O sexo frágil deve fazer-se ainda mais forte! Afinal somos
o maior símbolo da força e já enfrentamos muito preconceito, muita humilhação.
Estranhamente
o Brasil, que parece um país de gente de mente aberta, responde desta forma à
pesquisa! Alguns culpam o IPEA pela formulação da pergunta que conduz a
determinada resposta, mas não condeno a pergunta, julgo a resposta que é muito
clara e assustadora. Julgar como culpada a vítima, é bizarro!
O
Brasil esbanja hipocrisia, passamos uma imagem de povo pra frente pra vender
turismo para o carnaval e para as praias com mulher bonita e com o corpo à
mostra. Bundas brasileiras femininas vendem a imagem de nosso país. Somos
mercadorias!
Perplexidade
talvez seja o vocábulo mais adequado para descrever o meu sentimento ao saber
do resultado declarado pela pesquisa. Perplexidade, porque nós não somos uma
mercadoria e continuamos sendo tratadas deste modo, inclusive por outras
mulheres, já que a pesquisa não foi dirigida somente ao sexo masculino. O que
torna a realidade ainda mais dura e triste. E mais envergonhada fico ao ler que
a imprensa francesa deu destaque à pesquisa brasileira, ou seja, nosso
preconceito, nossa imagem de povo machista e retrógrado espalhado pelo mundo
afora. Que adianta ser país da copa, continuamos sendo os mesmos tupiniquins e
hipócritas!

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