sábado, 2 de maio de 2015

Professores apanham na pátria educadora!

     
     Sou professora e me dói a forma como o governador do Paraná e a polícia, sob o seu comando, têm tratado os meus colegas, me doeria também se fosse com qualquer outro brasileiro que trabalha de forma digna e honesta. O que está ocorrendo no Paraná é uma enorme falta de respeito, uma afronta ao cidadão de bem, ao povo trabalhador que reivindica, de modo civilizado e justo, por melhoria salarial, por melhores condições de trabalho e de vida. Reitero não me comove somente por ser professora, com outra categoria sofreria também, no entanto não nego que a representação torna minha indignação ainda maior e provoca a escrita deste texto que redigo como porta-voz de uma categoria cada vez mais maltratada, mais desacreditada, mais desvalorizada no país que se diz pátria educadora.
   Atuo na formação docente há quase vinte anos e cada vez se torna mais difícil sensibilizar o futuro professor de que a situação profissional vai melhorar, tenho dito e repetido isto e devo admitir que minha utopia, meu otimismo tomaram conta de mim, percebo minha ingenuidade e perco as forças. Devo considerar que iludi, meus estimados aprendizes de professores, peço-lhes desculpas. Sempre disse que vale a pena ser professor, que a realidade iria mudar, em salas de aula, em mesas redondas, em palestras. Sim, sempre acreditei, não estava falseando, enganando, ludibriando ninguém, talvez a mim mesma.
     Os anos têm se passado e nada muda, a realidade do professor só tem piorado em nosso país, os problemas se agravam, o salário permanece baixo, aliás está quase vez mais defasado... A presidente anuncia que em seu novo mandato a educação será a prioridade, a partir de então viveremos na pátria educadora. Eu, novamente iludida e ingênua, acredito! Como pode em uma pátria educadora o professor ser tratado de forma tão violenta?
     Escrevo este texto, com uma enorme tristeza e um pedido de desculpas pela ilusão transmitida a tantos futuros docentes neste meu tempo de professora em curso de licenciatura. O pior é que finalizo ainda otimista, ainda ingênua, ainda iludida, deve ser este sangue brasileiro que me corre nas veias e não me deixa desistir. Sim, reconheço: sou Maria, aquela mesma descrita na canção do Milton Nascimento.